Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A ponte que divide a vida

Estou aqui tentando palavras para falar de algo novo que descobri nessa minha vida. Por ser sentimento é intangível, abstrato, impossível de ser sentido ao se escrever sobre ele, no máximo imagina-se o que o escritor quer dizer. E sobre esse sentimento já escreveram músicas, poesias, livros, peças, enfim, uma infinidade de expressões artísticas. Por isso vou pintar um quadro que traduza tudo que esse sentimento trás em mim.
Pinto inicialmente uma linha que divida a tela, metade é luz, metade é ausência de luz.
Na parte da luz, trago à tona a calmaria do barco, num lago calmo, em um dia de julho, balançando ao sabor das ondas. Trago o prazer, oriundo da paz, da tranqüilidade. Trago a esperança e a fé. Trago o dois, e não outro número, nem par nem ímpar. Trago a delícia e o sabor do doce e do riso bobo.
Do lado negro trago a paixão, com todas as suas vertentes que devem ser observadas. Trago o egoísmo. Trago a raiva. A chama ardente. O ciúme. A dor. Trago a imagem dos fogos no céu, belos, magníficos, mas a explosão e a ardência do fogo que o incita e lhe dá vida. Trago uma multidão. Trago a morte.
E o nome desse sentimento que paira, ora do lado negro, ora do lado iluminado da pintura, é, óbvio, o amor. É algo que é muito bom, mas que assusta. Do lado de dentro tem só luz.
Será mesmo?
Tem escuridão também, devo admitir.
Mas é como o prazer de um cigarro ou de uma picanha bem gordurosa. Temos consciência do mal que ele faz, mas também temos a consciência do prazer que nos proporciona. E sempre, na grande maioria das vezes, fazemos a opção pelo prazer.
Prazer é algo passageiro, eu sei, é algo que seduz e depois nos joga fora. Eu também sei. Amor ilude os olhos e o coração, isso é ótimo. Amor é televisão natural que nos faz fechar, por alguns momentos, os olhos para desgraças da vida, desgraças da dor, da morte. Amor é um remedinho pra doenças da alma. É uma utopia salutar. È a flor que nasce de um botão e dura pouco, até que murche e perca sua beleza e seu perfume.
Amor é estranho, é dolorido, nos faz sofrer, nos mata, mas, paradoxalmente, nos dá momentos que nos fazem segurar mais as pontas em meio à turbulência da vida, em meio ao caos em que vivemos e não admitimos, mas nós mesmo que o criamos, como também criamos a sociedade.
Amor é uma droga, um remedinho, uma pílula do momento feliz, enquanto a própria vida é a doença. A natureza sabe aonde pôr cada um dos dois. Onde cabe o amor e onde cabe a vida.
Viver não é amar, viver é adoecer, amar é se curar.
Por estes tantos motivos eu não me arrependo de estar aqui, pois, no final, no finalzinho mesmo, o equilíbrio não será entre a vida e a morte, não será a luz e a escuridão, mas será a meia luz da experiência que trará a todos a vontade de voltar. Aí será impossível, aí entender-se-á o porquê da vida, de você e eu.

Nenhum comentário: