Flashback
Estava agorinha mesmo pensando comigo mesmo se em 24 anos de vida eu teria material suficiente para minha biografia. Não sei se cheguei a uma conclusão a esse respeito, mas veio a minha mente cenas de minha infância que até hoje trazem alegria no meu coração. Lembro de dias de sol em que brincava com meus amigos na rua até a noite cair e não havia risco de sofrer com a violência das ruas que hoje atormenta tanto a sociedade brasileira. Lembro das brincadeiras de rua, pique pega, pique alto, queimada, futebol e tantas outras brincadeiras de criança que me fizeram ser o adulto de hoje, com memória e satisfação. Lembro da minha pequenina casa e da alegria que se tem quando não se tem tantas preocupações além de escola e deveres de casa. Lembro das festas de aniversário regadas a refrigerantes em garrafas de vidro e brigadeiros em forminhas de alumínio - tradição esta que até hoje existe em minha família -, lembro da janela de madeira com grades- mesmo sem entender naquela época se elas eram pra proteger de quem estava fora mal intencionado ou de quem estava dentro de cair dela.
É tudo muito simples quando se é criança porque criança vê o dia de sol e de chuva com a mesma alegria, sabendo que cada dia é uma novidade e cada dia pode ser divertido e emocionante como nunca. Sofrer por antecipação quando se é criança não existe, sofre-se no tempo certo e acabado o sofrimento vem a alegria instantânea, não é como nos adultos que colocam uma zona gris entre os opostos para prepararem-se para aquilo que vem de repente e não se sabe qual reação tomaremos e, portanto, impassível de ser preparado.
A total ausência de maturidade não faz das crianças menores que os adultos, mas pelo contrário, faz com que olhemos para cada dia como se fosse único; e é! Os dias são iguais, mas ao mesmo tempo são únicos. É o paradoxo inexplicável da vida. Só se entende as coisas depois que passam e olhamos para elas como uma história bonita, uma novela em que as personagens somos nós, e que parece que teve seu início meio e fim, mas o fim na verdade não é esse, porque o fim de uma fase da vida é o início de outra e assim também em tudo o que existe nesse mundo.
É; olhar pra trás é bom mesmo, ver tudo o que fiz e quem me acompanhou nesses momentos, mas olhar os sonhos atemporais permanentes nos fazem olhar para o futuro com ares de vencedor.
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