QUEM HÁ DE ATIRAR A PRIMEIRA PEDRA?
Bom, desde já revelo o que sou: Advogado Criminalista Com
Orgulho! Digo com orgulho porque vejo estampado no rosto de muitos, incluindo
colegas advogados, a aversão e a repulsa que têm pelos meus iguais. Creio que
não seja um pré-conceito ( pelo menos entre meus iguais, advogados), mas um
conceito formado. Sei também que advogar para o suposto criminoso não me faz
advogar em favor do crime. E quem tem essa visão, reveja-a. Lidar com o
criminoso é sim algo tanto quanto delicado, pois, entrar no crime é vantajoso e
fácil. Mas quem disse que o criminalista quer entrar para o crime ou uma vida
fácil?
Talvez, entre todas as especialidades do Direito, a minha é
a mais delicada. Ser criminalista é ser como um cirurgião, cortando as partes
mortas da sociedade e dando oportunidade ao doente de se recuperar. Sei que
muitas vezes um transplante é necessário. E no meu caso, um transplante é
retirar o maligno do corpo da sociedade e infundir nela o benigno.
É sabido por todos o quanto o exemplo modifica o caráter do
indivíduo, da mesma forma, estimula o indivíduo a seguir o caminho do bem.
Curar um doente de uma doença que não existe mais é igual a transformar o
delinquente em não delinquente de uma hora pra outra. Não! Não temos o poder de
mudar o passado de ninguém! E sim! Temos o poder de reintegrar o delinquente à
sociedade, após o tratamento e a recuperação do mesmo.
O ser humano é e sempre será ser humano, homo sapiens
sapiens, e, por mais que queiramos extirpar as feridas da sociedade, muitas
vezes a melhor saída é tratar o ferido e testá-lo. Se um cirurgião amputasse
todo membro doente, o número de inválidos seria exorbitante, e a sociedade não
sobreviveria em meio a tanta dependência individual.
Grande número de pessoas pensam que “ bandido deve morrer”,
que “ pena de morte devia ser obrigatória”, mas nunca se lembram que todo mundo
está no mesmo mundo, sob mesmas leis, e quem outrora fora apontador, um dia
pode ser apontado. Ninguém está livre de sofrer as cominações legais, nem o
repúdio de uma sociedade que só pensa no agora.
Nossas leis punem quem mata, rouba, estupra, trafica,
sonega. Mas se um dia, as mesmas vierem a punir a quem mente, trai, ofende e
magoa, qual de nós será poupado? É o ensinamento de Jesus Cristo que nos deve
nortear: Quem nunca cometeu pecado, que atire a primeira pedra.
3 comentários:
Inebriante o seu texto, como diz o ditado para quem sabe ler um pingo é letra e ta de parabés pela inflexões usadas.
Jacimar Henrique
Sábias palavras, e sinceramente, acho sim que todos devem e podem ter uma segunda chance, ainda que isso lhe custe um preço alto, que é o peso da consciência, pois um ser humano realmente regenerado, nunca esquecerá ou se conformará com aquilo que fez, e talvez essa seja a sua pena real.
Daniel, ótima publicação!! Deixo minha opinião sobre a reintegração de criminosos na sociedade. Em certo trecho do texto diz "por mais que queiramos extirpar as feridas da sociedade, muitas vezes a melhor saída é tratar o ferido e testá-lo". Será??? Acredito que primeiramente é necessário distinguir entre os recuperáveis e os irrecuperáveis. Existem aquelas pessoas, mormente os psicopatas, que são naturalmente más, e por isso devem estar sob vigilância eterna (graças a Deus, eles são em menor número). Mas sabemos que houveram casos de soltura de criminosos que tiveram bom comportamento durante a pena, e devido a este "bom comportamento" estas foram reduzidas, e quando aqui fora, tais criminosos voltaram a praticar atos repudiáveis tão piores quanto antes. Pergunto: vale a pena testá-los?
Em contrapartida existem aquelas pessoas perfeitamente recuperáveis, que cometeram o crime mas que, quando punidos de forma moderada, são aptos a retornarem ao convívio social.
O que está faltando no sistema prisional do Brasil é isso, uma punição moderada, ou seja um tempo de reclusão nem tão longo, nem tão curto; boas instalações carcerárias; e o mais importante: uma ocupação. Os melhores resultados vêm dos presídios onde os presos trabalham para aliviar a pena... afinal, cabeça vazia é oficina do diabo.
Discursos extremistas, de pena de morte e tortura, são nefandos e nunca recuperaram ninguém, e nisso concordo com você plenamente, pois sou a favor dos direitos humanos, principalmente o direito à vida.
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